Natal (RN), 12 de setembro – O Programa Comunidades Educadoras, uma iniciativa conjunta da Secretaria de Educação, do Esporte e do Lazer do Rio Grande do Norte (SEEC/RN) e do Instituto Cultiva, tem apresentado resultados significativos na promoção de uma educação mais inclusiva e humanizada, com foco no atendimento a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Implementado em cinco municípios potiguares – Natal, Macaíba, Extremoz, Parnamirim e Ceará-Mirim –, o projeto atua na reconfiguração do papel da escola, integrando-a de forma efetiva à rede de proteção social e fomentando uma cultura de cuidado integral.
O programa, que sistematiza as percepções de diversos atores envolvidos – incluindo gestores da SEEC, técnicos das Diretorias Regionais de Educação e Cultura (DIREC’s), profissionais da rede de proteção (Saúde e Assistência Social), professores, gestores escolares, articuladoras comunitárias e famílias –, comprova a eficiência da ação na transformação da realidades e no fortalecimento dos vínculos entre escola, família e comunidade.
O Comunidades Educadoras opera sob a premissa de que a vulnerabilidade dos estudantes está intrinsecamente ligada a dinâmicas sociais, espaciais e familiares complexas, exigindo uma atuação corresponsável entre as políticas públicas de educação, saúde e assistência social. “A metodologia do programa privilegia a escuta qualificada e a compreensão aprofundada das realidades dos estudantes e suas famílias, reposicionando a escola como um território de cuidado, proteção social e mediação de direitos”, afirma a consultora socioeducacional do Instituto Cultiva, Nayraline Barbosa, responsável pelo programa.
A avaliação de impacto envolveu seis escolas que realizaram visitas domiciliares e encaminhamentos educacionais, servindo como amostra representativa da estrutura executiva do programa. Foram ouvidas 10 mães de estudantes inseridos no programa, cerca de 8 professores e 10 gestores escolares (entre diretores e coordenação pedagógica), além de articuladoras comunitárias e representantes da rede de proteção.
Impactos e Reconhecimento – Entre os principais achados do relatório, destaca-se a reconfiguração do papel da escola, que passou a ser vista como o primeiro equipamento da rede de proteção social, indo além de sua função meramente pedagógica. “Essa mudança de percepção, tanto por parte dos técnicos quanto dos profissionais da ponta, promoveu uma humanização das práticas, deslocando o olhar técnico-burocrático para uma abordagem mais sensível e contextualizada das realidades dos estudantes”, relata Nayraline.
A promoção da intersetorialidade foi outro ganho significativo, com a articulação entre as políticas de educação, saúde e assistência social, mostrando-se essencial para o acolhimento das múltiplas dimensões que afetam a permanência escolar. O estudo de caso emergiu como uma ferramenta estratégica, viabilizando encontros presenciais entre profissionais de diferentes áreas e favorecendo uma abordagem integrada e humanizada.
O programa também foi fundamental na reaproximação entre família e escola, segundo o relatório, reconstruindo vínculos e ativando o papel das famílias no acompanhamento da vida escolar de seus filhos. A confiança gerada pelas visitas domiciliares e pela escuta qualificada resgatou o sentimento de pertencimento das famílias e abriu canais de diálogo com a escola e os equipamentos públicos. As articuladoras comunitárias foram amplamente reconhecidas como mediadoras essenciais, com seu trabalho descrito como sensível, corajoso e estratégico.
Apesar dos avanços, o relatório aponta desafios como a fragilidade da articulação intersetorial em alguns pontos, a rotatividade de profissionais e obstáculos estruturais. No entanto, o documento também apresenta dez eixos de impacto com recomendações para o fortalecimento e a expansão qualificada do programa, incluindo a institucionalização de grupos intersetoriais permanentes, a garantia de recursos e tempo institucional para as ações de cuidado, e o desenvolvimento de um sistema de monitoramento e avaliação participativa.
O Programa Comunidades Educadoras no Rio Grande do Norte representa um modelo de política pública que reconhece a complexidade das realidades sociais e a necessidade de uma abordagem integrada para o cuidado e desenvolvimento dos estudantes. “A parceria entre a SEEC/RN e o Instituto Cultiva demonstra o potencial de transformação quando há um compromisso conjunto com a educação e a proteção social de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade”, afirma a representante do Cultiva.
Mais informações e Imagens: https://institutocultiva.com.br/comunidades-educadoras-rn/
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