Instituto Cultiva

Sinesp e Cultiva promovem formação sobre Educação e Diversidade com foco em Direitos Humanos

Professora Martina Gomes, mestre em Educação pela UFRGS, durante a formação oferecida pelo Sinesp.

 

Em parceria com o Instituto Cultiva, o Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo (Sinesp) realizou na última semana a formação “Educação e Diversidade: uma perspectiva dos Direitos Humanos”, na qual reuniu cerca de trinta diretores e especialistas da rede municipal de ensino. O evento destacou a importância de abordar temas como identidade, gênero, sexualidade e o enfrentamento ao racismo, especialmente diante do sofrimento de jovens LGBTQIA+ nas escolas. “A iniciativa ressalta o compromisso das entidades em promover discussões que ampliem a consciência crítica e fortaleçam práticas educativas inclusivas”, afirma a coordenadora de Projetos Educacionais do Cultiva, Juliana Meato, que participou da organização da iniciativa.

O diretor do SINESP, Getúlio Márcio Moraes saudou a iniciativa e enfatizou a importância de debater a temática da diversidade, especialmente considerando o sofrimento enfrentado por muitos adolescentes e jovens LGBTQIA+ no ambiente escolar. Ele destacou que o tema está sendo retomado agora, após anos sem o devido debate, reforçando a urgência e a relevância da formação. “A presença do público, majoritariamente diretores e especialistas da rede municipal de ensino, demonstrou o interesse e a necessidade de aprofundamento nesse assunto”, comemorou.

A condução da formação ficou a cargo da professora Martina Gomes, mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), docente da rede municipal de São Paulo e militante ativa do Movimento Negro Unificado (MNU). Sua expertise e engajamento enriqueceram a discussão, que contou com a participação expressiva de pessoas negras, contribuindo para trocas e reflexões ainda mais profundas e representativas ao longo da manhã.

Durante a formação, uma das principais temáticas girou em torno da construção da identidade e da importância da alteridade, mostrando como a percepção das diferenças é parte essencial da vida em sociedade. Simultaneamente, foi discutido como as hierarquias sociais frequentemente atribuem valores negativos a essas diferenças, alimentando práticas de discriminação e racismo que precisam ser combatidas no ambiente educacional.

Gênero e Sexualidade – Houve também espaço para abordar gênero e sexualidade como construções sociais e históricas, questionando visões binárias e naturalizadas que muitas vezes perpetuam preconceitos. Outro ponto marcante foi o debate sobre os efeitos de traumas e do racismo indireto na infância e na adolescência, evidenciando as desigualdades no acesso à saúde e à educação que afetam esses grupos.

A professora Martina enfatizou caminhos pedagógicos possíveis para uma educação antirracista, apresentando a ideia de uma “pedagogia da implosão”. Este conceito desafia a simples inclusão e provoca mudanças estruturais nas escolas, buscando transformar profundamente as práticas e o ambiente educacional para que sejam verdadeiramente equitativos e respeitosos com a diversidade.

Com vídeos, falas inspiradoras e uma roda de conversa intensa, a manhã de formação terminou com a lembrança freiriana de que ensinar exige escuta atenta e diálogo verdadeiro. O encontro reforçou o compromisso do sindicato em oferecer formações que ampliem a consciência crítica e fortaleçam práticas educativas voltadas para os direitos humanos e para o enfrentamento do racismo, consolidando um espaço de reflexão e transformação para a rede municipal de ensino.