Instituto Cultiva

Especialistas discutem os desafios da Educação Pública durante o 28º Congresso do Sinesp

São Paulo, 15 de setembro – O 28º Congresso do Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal de São Paulo (Sinesp), realizado entre os dias 9 e 12 de setembro em São Paulo, reuniu um público de aproximadamente 800 educadores, pesquisadores e ativistas para discutir os desafios e o futuro da educação pública no Brasil. Com o tema “Educação Pública, tecnologia, sustentabilidade e impacto social”, o evento promoveu uma série de debates e palestras focadas na defesa e valorização do ensino público e de seus profissionais.

O encontro teve como principal objetivo aprofundar as reflexões sobre os “Desafios dos educadores e da educação num mundo em rápida transformação”, no qual foram abordadas questões como a tentativa de privatização da gestão escolar, os cortes de verbas e outras negligências por parte dos governos, que impactam diretamente a qualidade da educação. A discussão também se estendeu à análise da educação no contexto do modo de produção capitalista, neoliberal e privatista, considerando o crescente papel da inteligência artificial e da economia financeirizada.

Parceiro do Sinesp em diversas frentes  de luta pelo fortalecimento da educação, o Instituto Cultiva foi representado pela consultora e pesquisadora Mariana Martins. “Foi um evento muito bonito, com participações diversas que trouxeram grandes contribuições para o enfrentamento dos muitos desafios enfrentados pela educação neste momento”, afirmou.

Contribuições – Diversos especialistas convidados contribuíram com suas perspectivas, enriquecendo os debates no congresso. A professora Angela Maria Alonso, em sua fala, reconstruiu os principais confrontos políticos da história brasileira, desde o início da República até a atualidade, analisando como esses desdobramentos afetam as desigualdades e a educação no país.

Já o professor Tércio Ambrizzi abordou o impacto social das mudanças climáticas e eventos extremos. Ele discutiu a relação entre o aquecimento global e as emissões de gases de efeito estufa, os impactos no Brasil e as projeções futuras do clima. Ambrizzi ressaltou a necessidade de políticas públicas e ações coletivas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, com foco nas populações mais vulneráveis.

O desmonte dos projetos pedagógicos e do ambiente de trabalho nas escolas foi discutido no painel dos professores Vera Eunice de Jesus Cláudio Marques da Silva Neto e Rute Rodrigues dos Reis, que abordou, ainda,os métodos da administração privada que priorizam a mensuração de resultados sem considerar as condições objetivas. Os palestrantes criticaram a responsabilização punitiva e a desconsideração das especificidades de cada escola, alertando para a tentativa de privatização da gestão educacional. A importância das memórias históricas, narrativas de vida, letramento crítico, e o papel das vozes negras e de mulheres trabalhadoras na defesa da escola pública foram pontos centrais da discussão.

O professor e filósofo Vladimir Safatle abordou o tema a “Gestão educacional e o desafio de repensar o que significa educação”. Nele, o especialista trouxe uma perspectiva crítica sobre os modelos atuais e a necessidade de reavaliar os propósitos da formação educacional. “Temos uma tarefa complexa que nos engaja, que consiste em repensar o que pode ser uma educação para emancipação e liberdade para os dias de hoje, o que podemos entender como liberdade e como o processo pedagógico pode ampliar essa experiência para os alunos e alunas”, disse. Veja a palestra de Safatle aqui .

O 28º Congresso do SINESP reforçou a importância da mobilização e do debate contínuo para a construção de uma educação pública de qualidade, equitativa e socialmente relevante, que responda aos desafios contemporâneos e promova a inclusão e o desenvolvimento de todos os estudantes.

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