Análise comparativa entre Ideb e Mapa da Desigualdade revela que desempenho escolar está diretamente ligado às condições socioeconômicas dos distritos
São Paulo, 26 de junho – Uma análise comparativa entre o estudo “Ideb em Foco: Como as Desigualdades nas Condições das Escolas Afetam o Desempenho Educacional”, produzido pelo Instituto Cultiva, e o recém-divulgado Mapa da Desigualdade 2024/2025, da Rede Nossa São Paulo, comprova que os piores registros do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) ocorrem sistematicamente nas escolas municipais situadas nas áreas menos estruturadas da cidade de São Paulo.
A comparação revela uma correspondência direta entre os distritos com menor qualidade de vida e aqueles que concentram escolas com baixo desempenho educacional. Brasilândia, classificado como o distrito com pior qualidade de vida na capital (49,39 pontos), também aparece no estudo do Ideb como uma região que concentra apenas escolas entre as piores avaliadas. O mesmo padrão se repete em Vila Medeiros (93º lugar em qualidade de vida), Tremembé (95º lugar) e Vila Curuçá (91º lugar).
“Esta correlação demonstra que o desempenho escolar não pode ser atribuído exclusivamente à gestão das unidades escolares, mas está intrinsecamente ligado às condições socioeconômicas e de infraestrutura dos territórios onde as escolas estão inseridas”, afirma a pesquisadora Mariana Martins, da equipe do Instituto Cultiva.
A análise ganha relevância no momento em que a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) afastou dezenas de diretores e discute a transferência da gestão das 50 escolas municipais para a iniciativa privada. Os dados mostram que essa abordagem pode ser insuficiente por ignorar fatores estruturais que impactam diretamente o desempenho educacional.
Dentre eles, estão as desigualdades territoriais, os tamanhos das escolas e a infraestrutura urbana. Por exemplo, distritos como Moema, Butantã e Perdizes, que figuram entre os 10 melhores em qualidade de vida, concentram escolas com alto desempenho no Ideb.
O estudo dos dados do Ideb identificou que escolas menores tendem a apresentar melhores resultados, independentemente da região, embora esse fator seja mais comum em áreas privilegiadas. Por fim, acesso a transporte, saneamento, segurança e equipamentos culturais – todos indicadores considerados no Mapa da Desigualdade – mostram correlação com o desempenho educacional.
O Mapa da Desigualdade 2024/2025 revela disparidades alarmantes entre os distritos paulistanos. Um morador do Alto de Pinheiros, na zona oeste, vive em média 24 anos a mais que um morador de Anhanguera, na zona norte. Enquanto no distrito mais longevo a expectativa de vida é de 82 anos, no outro extremo é de apenas 58 anos – 18 anos abaixo da média nacional.
“Os resultados sugerem que políticas públicas eficazes para melhorar o desempenho escolar devem necessariamente abordar as desigualdades territoriais e socioeconômicas mais amplas, investindo prioritariamente nas regiões mais vulneráveis da cidade”, afirma a pesquisadora do Instituto Cultiva, Juliana Meato, uma das responsáveis pelo levantamento.
Estudo – A análise comparativa utilizou dados do estudo “Ideb em Foco: Como as Desigualdades nas Condições das Escolas Afetam o Desempenho Educacional” e do Mapa da Desigualdade 2024/2025, elaborado pela Rede Nossa São Paulo, que hierarquiza os 96 distritos da capital paulista com base em 45 indicadores diferentes, incluindo saúde, educação, segurança e habitação.
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