Instituto Cultiva

Para Fórum de Educadores, faltaram critérios técnicos na intervenção da Prefeitura de SP em escolas municipais

Nesta terça-feira (23), durante reunião do Fórum Municipal de Educação de São Paulo, realizada na Câmara Municipal da cidade, representantes do Instituto Cultiva, o sociólogo Rudá Ricci e a pesquisadora Mariana Martins, apresentaram um estudo que está colocando sob suspeita as recentes intervenções promovidas pela Prefeitura de São Paulo nas gestões de escolas municipais. O levantamento, intitulado “IDEB em Foco: Como as Desigualdades nas Condições das Escolas Afetam o Desempenho Educacional”, revela que as mudanças promovidas pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) não teriam relação com os resultados educacionais das unidades no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

Intervenções sem critério de desempenho

De acordo com o levantamento, a intervenção em escolas públicas municipais foi realizada sem levar em conta o desempenho institucional mensurado pelo IDEB. “Parece evidente que a intervenção não teve relação com o índice. Um exemplo claro disso é que a escola com o pior desempenho no IDEB não sofreu nenhuma mudança em sua direção”, destacou a pesquisadora Mariana Martins durante a apresentação.

Rudá Ricci, presidente do Instituto Cultiva, apontou como fator comum entre as escolas problemas de gestão comunitária, falta de políticas públicas e alta concentração de alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Ele citou o caso emblemático do Espaço Bitita, uma unidade premiada por alcançar 6,1 pontos no IDEB antes da pandemia. Apesar do reconhecimento acadêmico, a escola teve o seu gestor exonerado da função. “O motivo parece estar relacionado ao aumento significativo de público vulnerável e ao crescimento do número de famílias de refugiados asiáticos no entorno da instituição”, afirmou o sociólogo.

Impactos e riscos às iniciativas locais

A crítica mais contundente dos especialistas é que a decisão da Prefeitura carece de base técnica e bom senso. Segundo eles, a medida pode comprometer iniciativas bem-sucedidas desenvolvidas pelas comunidades locais e afetar negativamente o ambiente escolar, já fragilizado pela crise sanitária e educacional enfrentada nos últimos anos.

Segunda fase do estudo

Para aprofundar o debate, o Instituto Cultiva anunciou a segunda fase do estudo, que vai analisar 100 unidades escolares – 50 com as melhores notas no IDEB e outras 50 com as piores. A nova etapa do levantamento tem início previsto para a segunda quinzena de junho e buscará identificar os fatores estruturais e sociais que realmente impactam no desempenho escolar.

Novas ações do Fórum Municipal de Educação

Novas ações – Durante o encontro, os integrantes do Fórum Municipal de Educação decidiram articular novas ações junto às comunidades atingidas, além de buscar diálogo junto a outros fóruns educacionais do município, com o objetivo de reverter as intervenções e colaborar com a continuidade da pesquisa. A ideia é pressionar a Prefeitura por transparência e por critérios técnicos claros nas decisões sobre a gestão das escolas públicas.

A polêmica tem gerado mobilização entre pais, professores e lideranças comunitárias, que denunciam uma possível tentativa de desmonte das gestões democráticas e criminalização de experiências pedagógicas inovadoras. O movimento cresce paralelamente à divulgação de dados que apontam para uma correlação direta entre condições socioeconômicas precárias e baixo desempenho educacional, reforçando a necessidade de políticas públicas que combatam as causas estruturais da desigualdade.

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