Por Rubinho Giaquinto

Imagem da cena de racismo contra o Motoboy Matheus, ocorrido em condomínio em Valinhos/SP.
A vida social brasileira traz mazelas históricas que precisam ser encaradas de frente: a desigualdade e o racismo.
Hoje pela manhã assistimos a uma cena lamentável de um vídeo que está rodando nas redes sociais, cena que choca qualquer pessoa que possui algum sentimento bom na alma e no coração.
Um homem branco humilha, num condomínio aparentemente de alto padrão, em São Paulo, um jovem negro que trabalha como motoboy.
O homem branco, que é alto, forte e parece ser violento, trata de maneira vil o jovem trabalhador. Chama-o de lixo, diz que ele ganha pouco e afirma que tem inveja da sua cor branca. Em um gesto no mínimo inusitado, mostra o braço branco como um troféu fálico de poder.
Aliás, para a psicologia, a inveja é você querer o que outro tem e ainda destruí-lo, este é o grande prazer do invejoso: destruir o outro. Isso dá a ele uma sensação de satisfação.
Para Melanie Klein, a inveja é uma questão central na personalidade da pessoa. Começa com a relação do seio da mãe e o bebê que sente raiva quando fica impotente diante da mãe e sua dependência. Bom salientar que tudo isso ocorre simbolicamente.
Aquele homem branco escuta uma frase emblemática do jovem trabalhador em meio à humilhação: você é rico e mora aqui por quê? Foi seu pai que te deu? Você trabalhou?
O jovem foi muito sagaz ao trazer à tona uma questão importante e central: ele questiona a tal celebrada meritocracia da direita brasileira e o legado da sociedade escravista de hierarquização de “raças”.
Aquele homem branco sempre esteve num lugar privilegiado, em cima, da desigualdade histórica. Ele traz uma herança que trata o outro diferente, principalmente, de pele escura e trabalho precário, como um objeto, como peça, como mercadoria barata e descartável.
Aquele homem branco desprezível é representante de um setor da sociedade cristã, branca e hipócrita. Ele não pensa isso sozinho. Pode ter certeza que, nas festinhas desses condomínios de luxo, o papo predileto dessa gente é colocar para fora todo seu preconceito, ódio e raiva contra a maioria do povo.
Aquele homem branco e asqueroso já ganha a corrida antes mesmo da largada e fica dando uma de bonzão. Ele goza literalmente com o “pau” dos outros. Aqui a metáfora remonta a uma sociedade hipócrita, preguiçosa e que empurra com a barriga suas mazelas mais doloridas.
Fico mal. Fico “puto”. Não com aquele homem desprezível. Fico “puto” com a gente, com a maioria dos (as) trabalhadores (as), negros (as) que aceitam calados e em cima do muro.
Me sinto um ridículo por escrever este texto. Tinha que estar organizando uma revolução nessa porra de país!
Rubinho Giaquinto é Analista Socioeducacional do Instituto Cultiva
Rubinho,seu texto representa nossa indignação !É inconcebível atitude como a do homem “rico”e “branco”,mas a questão vai além…Seus sentimentos são legítimos,mas n desanime,pois,o caminho da mudança é longo …
Muito bom texto! E acho importante dizer ao autor: não se sinta ridículo por escrevê-lo, pois essa já é uma maneira de demonstrar sua indignação com tantos desmandos, como os que temos presenciado.
É um alento ler um texto bomo o seu, pela busca de outro olhar orientado e motivado por justiça social.
Concordo com Vanja Trindade, o caminho é longo…mas é feito de passos, seu texto é um desses passos.
Se ao vermos algo injusto e escrevermos, falarmos, mostrarmos …estamos provocando o pensar e repensar dessas situações, isso gera no mínimo o incômodo do agressor.
Infelizmente, ainda convivemos com uma sociedade retrógrada, preconceituosa e desumana, mas vozes são ouvidas de forma cada vez mais longe.
Que o motoboy se sinta abraçado, que ele perceba que outros tantos gritam por BASTA!
Antes se abaixava a cabeça diante da maldade, hoje se divulga, denúncia, escreve sobre , hoje o olhar encara o agressor, é um passo ou melhor um salto.
Infelizmente ,Rubinho as pessoas não se põe no lugar do outro.Acho um absurdo atitudes de preconceitos e racismo uns acharem que sao melhores por conta de cor e situação financeira. O caminho é longo espero que a nova geração possa mudar essa sociedade falsa e perversa.
Absurdo mesmo acontecerem coisas assim no nosso país. Um outro rapaz, também entregador, disse que de diferentes formas, frequentemente, passam por isso.
Está aí um dos exemplos mais comuns do preconceito. Gente frustrada e medíocre tentando encontrar algum elemento que supostamente o faça colocar-se numa posição de superioridade. Mas, só com seus pensamentos, eles sabem que não produziram nada de relevante na vida. Como diria um grande amigo: um ar de superioridade de quem nunca fez nada de superior na vida.
Excelente texto Rubinho. Todos ficamos mal com atitudes de quem se acha superior a outros. Combater o racismo é tarefa do dia a dia e de dar o exemplo à filhos, vizinhos, alunos e à todos. Fique mal, pois sempre machuca ver estas atitudes, mas não fique puto. Fique firme na luta, q transformaremos este país, em lugar melhor.
Já estamos cansados dessa elite podre que nada acrescenta a nação!
Chega de tanta humilhação
Infelizmente ,Rubinho as pessoas não se põe no lugar do outro.Acho um absurdo atitudes de preconceitos e racismo uns acharem que sao melhores por conta de cor e situação financeira. O caminho é longo espero que a nova geração possa mudar essa sociedade falsa e perversa.
Longa luta pela frente, amigo! Excelente texto!.. que ele alavanque muitas ações e promova muitas conscientizações !