“O Estado é sócio e parceiro do crime”. A declaração é da professora Jacqueline Muniz, entrevistada no Cultiva em Revista, live dominical do Instituto Cultiva. Durante pouco mais de uma hora, Jacqueline (bio abaixo) desfiou uma série de comentários polêmicos, mas embasados pelo currículo e experiência de uma das melhores analistas e pesquisadoras das questões de segurança pública.
Para a professora, o Estado prioriza operações de maior visibilidade, mas caras e ineficientes. “É o espetáculo da polícia que funciona há 35 anos. A polícia ostentação“, afirmou. E disparou contra o que chamou de “banalização das GLOs” apontando falhas na execução destas medidas conhecidas como Garantia de Lei e da Ordem a adotada recentemente nos estados de Rio de Janeiro e São Paulo.
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Milícias, clientelismo e sócio do crime
Jacqueline Muniz também apontou laços entre as milícias e o Estado. “É o Estado que dita as regras do matar e do deixar morrer e milícia é a clientelização da polícia“, afirmou. E ainda chamou a atenção para o fato que a Constituição de 1988 repetiu a doutrina de 1968 (o auge da ditadura militar), e apenas trocou palavras. “Ainda estamos num período de transição democrática e não temos controle e responsabilização nem das polícias nem do Judiciário“.
A professora defendeu a ideia de que no Brasil, não só no Rio de Janeiro temos um “problema estrutural, de ingovernabilidade. Não temos o controle civil das forças combatentes”.
Bola Cheia e Bola Murcha
E o Bola Murcha, por votação, foi para o comentarista global Jorge Pontual – autor também da infeliz frase da semana. Já o Bola Cheia ficou com a entrevistada da live, Jacqueline Muniz.
Frase da Semana
“Atacar terroristas do Hamas é um direito que Israel tem. Se eles estavam em uma ambulância, infelizmente era isso que Israel tinha que fazer: alvejar esses seus inimigos” (Jorge Pontual)
Pequena biografia – Jacqueline Muniz
Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense – UFF em 1986. Mestre em Antropologia Social pelo Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1992. Doutora em Ciência Política pelo IUPERJ, Universidade Candido Mendes (1999) com a tese “Ser policial é, sobretudo, uma razão de ser: cultura e cotidiano da PMERJ.”
Professora adjunta do Departamento de Segurança Pública e do Mestrado de Justiça e Segurança Pública (DSP), Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (IAC) da UFF. Professora do curso Tecnólogo em Segurança Pública e Social CECIERJ/UFF.
Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Conflitos e Sociedade – NECSo/DSP/IAC-UFF.
Sócia fundadora da Rede de Policiais e Sociedade Civil da América Latina e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Integrante da Rede Fluminense de Pesquisadores sobre Violência, Segurança Pública e Direitos Humanos.
Dica Cultural
Na Dica Cultural de Ademir Castellari, a sugestão do filme “Retratos Fantasmas“, de Kleber Mendonça Filho. Trata do desenvolvimento urbano desordenado, a partir de Recife, e contado a partir de salas de cinema. É possível assistir pelo canal de streaming Netflix.
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Jornalista com MBA em Mídias Sociais e Gestão da Comunicação Digital. Passou pela redação dos principais jornais mineiros cobrindo política e economia. Assessor de ONGs de trabalhadores aposentados e membro do Instituto Cultiva desde julho de 2023.