O Novo Ensino Médio duramente criticado por todo o campo educacional, a ponto de ser suspenso por Lula. Salas de aula transformadas em locais de medo, após ameaças e ataques. O ministro da vez é Camilo Santana, chefe da Pasta de Educação.
Afinal, o que esperar dele?
Antes de responder essa questão, é importante contextualizar quem é Camilo Santana, qual o clima no MEC atualmente e, tão importante quanto, a ligação entre o berço do ministro e educação.
Camilo é do Ceará: e esse dado é fundamental.
Você provavelmente vai se lembrar das citações de Ciro Gomes, na disputa eleitoral, a Sobral. A cidade cearense com mais de 200 mil habitantes é frequentemente citada como exemplo por Ciro.
‘A número 1 do país em educação’.
É o que Ciro não cansa de repetir. O ponto é que em Sobral foi implantado um projeto-piloto que se tenta vender até hoje como o melhor projeto de educação do país, o que é no mínimo controverso.
O projeto foi feito por um pool de entidades privadas, todas ligadas a fundações de bancos e do alto empresariado. O que isso quer dizer?
O projeto é baseado em uma concepção peculiar de indução à aprendizagem, de memorização, que é ligada à teoria da escola comportamental.
É o chamado estímulo-resposta.
Você não desenvolve a inteligência, mas sim uma ideia de que, após tanto reforçar, reforçar, reforçar, um comportamento acaba se cristalizando.
Nem precisa dizer que o método é cercado de críticas, não é?! Além disso, o próprio sucesso do Ideb de Sobral é questionado – basta dar um Google.
E o que isso tudo tem a ver com o MEC?
Essa concepção, ilustrada na Fundação Lemann, está entranhada na atual gestão. E mais!
Há uma disputa acirradíssima.
Uma forte disputa interna. Entre os grupos de Camilo e de Izolda Cela, que chegou a governar o Ceará e ser cotada para ser ministra da Educação.
Ela é secretária-executiva do MEC e trava uma queda de braço com Camilo Santana. Resultado: o ministério e suas ações estão emperrados.
Com a intervenção de Lula, Camilo está em uma situação delicada em relação ao NEM.
Uma mudança brusca seria considerada uma derrota brutal do atual ministro, uma desautorização.
E a violência contra escolas?
Esse seria um segundo ponto para Camilo aproveitar e dar uma resposta importante à sociedade.
E foi criado um grupo de trabalho com importantes figuras da educação, como Daniel Cara e Miriam Abramovay, para que ações sejam construídas.
O problema, sob o ponto de vista de uma análise política, é que o Ministério da Justiça já assumiu protagonismo nesse tema, com prisões e buscas.
Então, o que esperar de Camilo?
Com a intransigência apresentada na construção do Novo Ensino Médio, é difícil projetar uma mudança importante na linha do MEC – como comentamos, seria considerada uma derrota.
Por fim, não se vislumbra nenhum ímpeto do ministro em promover uma proposta ousada em termos curriculares, de aproximação das escolas com o cotidiano dos brasileiros, ações massivas de alfabetização ou educação ao longo de toda vida ou focada na cidadania ativa (como educação fiscal ou direitos individuais ou coletivos).
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