Rudá Ricci
A recente pesquisa da AtlasIntel sobre a intenção de voto para prefeito na cidade de São Paulo chamou a atenção para a divisão da extrema-direita paulistana que beneficia a candidatura de Guilherme Boulos.
Com efeito, o atual prefeito cai de 32,6% de intenção de votos para 20,5% quando o candidato direitista Pablo Marçal, do PRTB, ingressa na disputa. No pelotão de trás, Datena empata com Kim Kataguiri e retira votos de Tábata Amaral.
O eleitorado paulistano é realmente conservador. Na sua avaliação, Tarcísio é melhor governante que Lula, principalmente na avaliação dos jovens, o que não deixa de ser surpreendente.
A pesquisa, contudo, revela algo não tão comentado que é a emergência da preocupação com a saúde pública. O tema já teve destaque com o trauma da pandemia, mas vem aumentando sua relevância com a endemia de dengue e, agora, com a conjugação com a crise climática.
O que parece relevante é que a pesquisa realizada na capital paulista indica que um eleitorado conservador começa a ter menos preocupação com a criminalidade e grande atenção à saúde.
A saúde deve envolver parte significativa do eleitorado conservador do país, concentrado na região centro-sul. A pesquisa AtlasIntel indica esta preocupação em alta na capital paulista, mas a tragédia climática que atingiu o RS e parte de SC deve colocar o tema no centro das preocupações dos cidadãos.
Sobre saúde pública, além das endemias já citadas e as advindas das inundações (tétano e leptospirose entre as mais citadas), a saúde mental deve saltar no ranking das preocupações sociais. Casos de depressão aguda aumentaram significativamente durante e no pós-pandemia do coronavírus.
Por algum motivo, a preocupação com a saúde mental é pouco explicitada publicamente. Parece ser um daqueles temas relacionados à intimidade de cada um. Não é. As pesquisas que nossa equipe realiza indicam um tema que afeta mais e mais familiares de alunos em idade escolar.
O importante é que as eleições que se avizinham parecem construir uma polarização temática importante, tendo a saúde como divisor de águas. Um tema que a direita e extrema-direita não tem acúmulo e que se refugia na privatização e terceirização das respostas.
Fiquemos atentos a partir de agora, em especial, na evolução do debate programático a partir de julho, quando as convenções partidárias definirão oficialmente suas chapas de candidatos. Neste momento, a memória da tragédia sobre a pandemia e a tragédia climática do RS podem definir o campo de batalha.
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